É consensual entre os historiadores que o Iluminismo representou a grande mudança intelectual que abriu as portas para uma reflexão sobre o mundo social.
Até então, a vida cotidiana parecia regida por uma segurança ontológica, como se todas as dimensões da vida - trabalho, família e lazer - estivessem organicamente integradas e fossem explicadas por costumes, tradições e hábitos inquestionáveis.
Não existia, propriamente, um pensamento autônomo sobre o que chamamos hoje de social, pois a religião produzia uma visão global sobre o mundo e seus processos.
De certa maneira, não se concebia que as relações entre os homens pudessem ser destacadas como objeto de conhecimento científico.
O que conhecemos hoje como Iluminismo produziu uma significativa mudança na maneira de pensar.
Segundo Ernest Cassirer, a reflexão iluminista discernia, claramente, entre um sujeito pensante e um mundo - o objeto - regido por mecanismos e processos objetivos, que deveriam ser conhecidos e traduzidos em hipóteses e leis.
É difícil de identificar a data de nascimento da sociologia, ainda mais se a tomarmos como uma forma de argumentação.
Embora seja impossível falar apenas de um iluminismo, - já que existiriam distintas tradições intelectuais associadas ao termo - Cassirer acredita que pode discernir certa atitude mental comum. E é essa atitude que nos interessa para a história da sociologia.
Charles-Louis de Secondato - o Barão de Montesquieu -, ao escrever a sua mais famosa obra, O Espírito das Leis, mostrou ser possível não apenas identificar leis que ordenam a política e o Estado, como também os costumes e hábitos sociais que condicionam a existência e o sucesso dessas leis.
Ao identificar relações causais que explicariam, ao menos parcialmente, a diversidade de regimes políticos existentes, Montesquieu abria a possibilidade de identificar o social como uma esfera específica da vida humana.
Para Montesquieu, essa esfera era regida por processos e causas que não dependeriam, totalmente, do livre-arbítrio dos homens.
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