quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Ações sociais em Max Weber

Max Weber 1864 - 1920

 Para compreendermos a grandiosidade de suas obras precisamos conhecer melhor a trajetória de vida de Max Weber.
“Max Weber nasceu em Efurt, Turíngia, Alemanha, em 21 de abril de 1864. Seu pai, Max Weber Sr., era advogado e político; sua mãe, Helene Fallenstein Weber, era mulher culta e liberal que manifestava profundos traços petistas de fé protestante.
O ambiente erudito e intelectual do lar contribuiu decisivamente para a precocidade do jovem Weber. Basta dizer que aos 13 anos de idade já escrevia ele ensaios históricos penetrantes.
Weber terminou os estudos pré-universitários na primavera de 1882 e foi para Heidelberg, onde se matriculou no curso de Direito. Estudou também diversas outras matérias, como História, Economia e Filosofia, que, em Heidelberg, eram ensinadas por eminentes professores.
Depois de três semestres lá, Weber mudou-se para Estrasburgo a fim de servir o exército por um ano. Quando deu baixa, retomou seus estudos universitários em Berlim e Goettingen onde, em 1886, submeteu-se ao primeiro exame de Direito. Escreveu em 1889 sua tese de doutoramento sobre a história das companhias comerciais da Idade Média; para isso, teve de consultar centenas de documentos espanhóis e italianos, o que lhe exigiu o aprendizado desses idiomas. No ano seguinte, estabeleceu-se como advogado em Berlim; escreveu, por essa época, um tratado intitulado História das Instituições Agrárias; o modesto título encobre, sua verdade, uma análise sociológica e econômica do Império Romano.
Em 1893, Weber casou-se com Marianne Schnitger, sua parente longínqua. Depois de casado, passou a levar uma vida de acadêmico bem-sucedido em Berlim. No outono de 1894 aceitou a cadeira de Economia da Universidade de Friburgo e, dois anos mais tarde, passava a substituir o eminente Knies em Heidelberg.
Em 1898, Weber apresentou sintomas de esgotamento nervoso e de neurose; até o fim de sua vida, iria sofrer depressões agudas intermitentes, entremeadas de períodos de trabalho intelectual extraordinariamente intenso. A doença o manteve afastado das atividades acadêmicas durante mais de três anos; restabelecido, voltou para Heidelberg e reassumiu parcialmente as atividades docentes. Seu estado de saúde não lhe permitia, entretanto que se dedicasse inteiramente ao magistério. Em decorrência disso, solicitou afastamento das atividades didáticas e promoção para o cargo de professor titular, o que lhe foi concedido pela Universidade.
Apesar das crises nervosas, Weber, juntamente com Sombart, assumiu em 1903 a direção do Archiv für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik, que se transformou em uma das mais importantes revistas de ciências sociais da Alemanha, até seu fechamento pelos nazistas.
No ano seguinte, a produtividade intelectual de Weber recebeu novo impulso; ele publicou então diversos ensaios além da primeira parte de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
Em meados de 1904, Weber viajou para os Estados Unidos, que causaram profunda impressão sobre seu espírito analítico. O foco central do seu interesse na América foi o papel da burocracia na democracia. De volta à Alemanha, retomou suas atividades de escritor em Heidelberg, concluindo então A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
No período que medeia entre 1906 e 1910, Weber participou intensamente da vida intelectual de Heidelberg, mantendo longas discussões com eminentes acadêmicos, como seu irmão Alfred, Otto Klebs, Eberhard Gotheim Wilhelm Windelband, Georg Jellinek, Ernst Troeltsch, Karl Neumann, Emil Lask, Friedrich Gundolf, Arthur Salz. Nas férias, muitos amigos vinham a Heidelberg visita-lo; entre eles, Robert Michels, Werner Sombart, o filósofo Paul Hensel, Hugo Münsterberg, Ferdinand Töennies, Karl Vossler e, sobretudo, Georg Simmel. Entre os jovens universitários que procuravam o estímulo de Weber contavam-se Paul Honigsheim, Karl Lowenstein e Georg Lukacs.
Após a Primeira Guerra Mundial, na qual participou ativamente, Weber mudou-se para Viena. Durante o verão de 1918, ministrou seu primeiro curso, depois de dezenove anos de afastamento da cátedra. Nesse curso, apresentou sua sociologia das religiões e da política sob o título de Uma Crítica Positiva da Concepção Materialista da História.
Em 1919, tendo abandonado o monarquismo pelo republicanismo, Weber substituiu Brentano na Universidade de Munique. Suas últimas aulas, feitas a pedidos de alunos, foram publicadas sob o título História Econômica Geral. Em meados de 1920, adoeceu de pneumonia. Morreu em junho de 1920, deixando inacabado um livro de revisão e síntese de toda a sua obra, intitulado Wirtschaft und Gesellschaft, que é de importância fundamental para a compreensão de seu pensamento.” 
WEBER, Max. Ciência e política duas vocações. Trad. Leonidas Hegenberg e Octany Silveira da Mota. São Paulo: Cultrix, 1967, p. 6-9.

CONHECER A HISTÓRIA:

 Na visão de Tânia Quintaneiro: “A época de Max Weber, tratava-se na Alemanha um acirrado debate entre a corrente até então dominante no pensamento social e filosófico, o positivismo, e seus críticos. O objeto da polêmica eram as especificidades das ciências da natureza e das ciências do espírito e, no interior destas, o papel dos valores e a possibilidade da formulação de leis.” (QUINTANEIRO, 2009, p. 107).
Weber nos coloca que é fundamental conhecer os momentos históricos para que o homem presente saiba como fazer comparações e avaliações críticas, somente conhecendo o passado poderemos fazer análise do presente e projeções para um futuro.
É impossível chegar a leis e generalizações totalizadoras, pois não existe nenhuma sociedade que terá todas as leis feitas igualmente, impossível.
A transformação das relações de trabalho e o desenvolvimento tecnológico são resultados de processos históricos imprevisíveis, que nenhuma lei social pode antecipar ou controlar. É muito claro que nenhuma lei terá condições de prever acontecimentos futuros, mas poderemos elaborar leis que poderão dar um respaldo legal e com a evolução da sociedade o Direito (legislações) irá evoluir juntamente.
 Momentos Históricos:
Cada momento histórico é singular e resultado de uma série de fatores econômicos, políticos, religiosos, culturais de seu próprio tempo.
É impossível descobrirmos uma sequência única nos eventos sociais.
 Weber e a teoria da Compreensão:
Negou tanto a perspectiva positivista como a materialista. Esta também via o conhecimento sociológico como histórico e baseado na observação da multiplicidade de fenômenos sociais, como as classes e o mercado.
Método Científico de Weber:
Ao invés de explicar os fenômenos sociais em termos de causalidade, ou seja, buscar as causas e os efeitos dos fenômenos sociais, a tarefa do sociólogo deve ser diferente: consiste em captar o sentido das condutas humanas. Mais importante do que explicar porque algo aconteceu (causa) é compreender o que levou certo indivíduo, ou conjunto de indivíduos, a se comportar de determinada maneira.
O Significado das Ações Sociais:
O comportamento coletivo se estrutura a partir do momento que esse sentido da ação se fortalece ou enfraquece.
No entendimento de Arnaldo Lemos Filho: “A sociologia weberiana dá mais importância à busca dos valores subjetivos que estruturam a sociedade do que à objetividade dos fatos. Não é relevante para Weber determinar o que acontece em uma sociedade, mas que tipo de mentalidade levou à realização das ações.” (LEMOS FILHO, 2009, p. 84).
Os indivíduos colocam sentidos diversos em seus atos, como no trabalho por exemplo.
Utilizando tipos ideais de ação, Weber acredita fornecer validade racional e objetiva à compreensão das condutas.
 Ação Social e seus Tipos:
 Uma ação é social quando um determinado comportamento implica uma relação de sentido para quem age. Pagar o dízimo por exemplo é uma forma de ação social, pois ela possui um sentido de devoção.
 Existem 4 tipos de Ação Social:
 Ação Tradicional;
  1. Ação Afetiva;
  2. Ação Racional Orientada para Valores; e
  3. Ação Racional Orientada para Fins.

1º) Ação Tradicional: assentada no costume, em práticas aprendidas e transmitidas pelas diferentes instituições. Ex. troca de presentes por ocasião do Natal, festejar a Páscoa.
2º) Ação Afetiva: baseada em sentimentos e emotividade. Não há um fundamento racional nesse tipo de ação.Ex. Torcida de futebol.
3º) Ação Racional Orientada para Valores: a ação é racional, ou seja, baseada em uma disposição entre metas e expectativas antecipadas. No caso de ter relação com valores, a própria ação é importante, independente dos resultados a serem obtidos.Ex. Trabalho voluntário.
4º) Ação Racional Orientada para Fins: a ação é definida de acordo com os objetivos esperados. O cálculo e o planejamento são essenciais como condutores da ação.Ex. Empresa capitalista.

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